Tamanho de fonte
Alto contraste
Altura de linha
Entrar Cadastrar
ETL

ETL: o que é e por que é essencial na engenharia de dados?

Avatar de Rebeca Honório Rebeca Honório
14 minutos de leitura 08/07/2025 • Atualizado 5 horas atrás 5xp

O que é ETL?

A sigla ETL vem de Extração, Transformação e Carga de Dados. Na prática, é um processo que conecta diferentes sistemas, organiza as informações e entrega tudo pronto para análise em um repositório centralizado, como um Data Warehouse ou Data Lake.

No dia a dia das empresas, dados surgem de todos os lados — sistemas internos como CRM e ERP, planilhas, aplicativos, arquivos externos, entre outras fontes. O desafio está em transformar esse volume enorme e desorganizado de informações em algo realmente útil para quem precisa tomar decisões. É aí que entra o ETL.

Tudo começa com a extração, que busca dados onde quer que eles estejam. Pode ser em um banco interno da empresa, em um sistema de vendas, numa planilha antiga ou até em fontes externas.

Depois vem a transformação, etapa em que os dados passam por uma verdadeira “faxina”: são limpos, padronizados, enriquecidos e estruturados para que façam sentido no contexto de negócio. É aqui que se garante que os dados estejam corretos, coerentes e prontos para serem analisados.

Por fim, temos a carga dos dados, agora organizados e confiáveis, são enviados para um ambiente seguro e centralizado. É nesse espaço que analistas, gestores e times estratégicos podem acessar as informações, criar relatórios, fazer cruzamentos e descobrir oportunidades.

O ETL é essencial para qualquer empresa que queira se apoiar em dados de verdade, aquelas que se consideram data-driven. Além disso, com dados bem tratados, a empresa reduz riscos, evita decisões baseadas em achismos e ganha agilidade para responder ao mercado. O ETL também abre caminho para análises mais sofisticadas, como uso de inteligência artificial, machine learning e previsões mais precisas.

Outro ponto importante: quando os dados seguem um processo estruturado e rastreável, fica muito mais fácil cumprir com leis de proteção de dados, como a LGPD.

Como funciona o processo ETL?

Organizar dados dispersos em um ambiente onde eles possam contar histórias e embasar decisões é um desafio. O ETL faz exatamente isso, em três passos que conversam entre si para deixar tudo pronto para análise.

1. Coleta de dados

Primeiramente, o sistema “conversa” com cada fonte: bancos relacionais (MySQL, PostgreSQL), APIs, planilhas, sistemas ERP ou CRM. Você pode optar por puxar tudo de uma vez (carga completa), só o que mudou desde a última vez (carga incremental) ou acionar um gatilho sempre que houver atualização.

Imagine, por exemplo, trazer diariamente o extrato de vendas de uma loja virtual direto do MySQL de forma automática.

2. Transformação na prática

Com os dados em mãos, começa a “faxina”:

  • Limpeza: tira duplicatas, corrige valores inconsistentes e preenche buracos;
  • Padronização: ajusta formatos de data, uniformiza códigos e nomes;
  • Enriquecimento: gera novas colunas, faz agregações (por cliente, por região, por período) e aplica as regras que fazem sentido para o seu negócio;
  • Validação: checa se tudo está dentro do esperado, avisando quando algo foge do padrão.

É nessa fase que a informação ganha contexto, garantindo relatórios confiáveis.

3. Entrega ao destino

Prontos para uso, os dados seguem para o repositório escolhido: Data Warehouse, Data Lake ou um banco analítico, como BigQuery ou PostgreSQL. O carregamento também pode ser total ou incremental, de acordo com o volume e a criticidade. Aí, seu time de BI, cientistas de dados e gestores acessam tudo num mesmo lugar, sem surpresas.

Em projetos de grande escala, é comum sobrepor parte dessas etapas: enquanto um lote de registros é extraído, outro já passa pela transformação e um terceiro é carregado. Essa engrenagem paralela economiza horas de processamento e entrega insights cada vez mais frescos.

Por que o ETL é essencial na engenharia de dados?

Quando falamos em engenharia de dados, o ETL é o ponto central que mantém tudo funcionando em harmonia. Sem ele, os dados ficariam espalhados, sem padrão e, no fim das contas, pouco confiáveis.

Veja por que esse processo é tão valorizado na engenharia de dados:

1. Dados organizados e confiáveis

O ETL limpa e padroniza as informações que chegam de diferentes fontes, sejam sistemas legados, planilhas, APIs ou bancos de dados. Isso evita duplicatas, corrige registros inconsistentes e garante que todo mundo trabalhe com a mesma versão dos dados.

2. Mais tempo para inovar

Em vez de dedicar horas a tarefas manuais de formatação e movimentação de arquivos, os engenheiros de dados automatizam essas rotinas com pipelines de ETL. Assim, sobra energia para criar modelos, explorar novas ferramentas e propor melhorias que realmente impactam o negócio.

3. Base sólida para relatórios e análises

Ao concentrar tudo num único repositório Data Warehouse, Data Lake ou outro ambiente analítico, o ETL oferece uma fonte única da verdade. Dashboards, painéis de BI e algoritmos de machine learning se beneficiam de dados prontos para uso, sem ter que lidar com “sujeira” ou faltas de informação.

4. História e contexto completos

Mais do que unificar dados atuais, o ETL consegue agregar registros antigos e novos, possibilitando análises históricas. Isso ajuda a traçar tendências, entender padrões de comportamento e medir o impacto de mudanças ao longo do tempo.

5. Crescimento sem dor de cabeça

Conforme a empresa expande seus sistemas e gera cada vez mais informações, um pipeline de ETL bem desenhado se ajusta à demanda. É uma estrutura que cresce junto com o volume de dados, mantendo performance e qualidade.

6. Atende a normas e regulações

Em mercados que exigem rastreabilidade e controle rígido de informações, como financeiro, saúde e telecom, o ETL garante que cada dado esteja registrado adequadamente, facilitando auditorias e relatórios de conformidade.

Sem esse processo, qualquer iniciativa de análise ou inteligência ficaria prejudicada pela falta de padronização e pela desconfiança na qualidade das informações.

3 Principais ferramentas de ETL do mercado

1.Ferramentas tradicionais de ETL

Perfeitas para quem já tem uma infraestrutura local e quer uma solução madura, com interface visual e suporte consolidado.

  • Talend Open Studio
    • Código aberto, bastante usado por facilitar a conexão com bancos, planilhas e APIs.
    • Interface gráfica: você “arrasta” componentes para desenhar seu fluxo de dados.
    • Bom ponto de partida para pilotos rápidos de ETL.
  • Informatica PowerCenter
    • Referência de mercado em grandes empresas.
    • Estrutura robusta, com recursos avançados de gestão de metadados, segurança e monitoramento.
    • Indicado para ambientes críticos, onde o volume e a complexidade são altos.
  • Pentaho Data Integration (Kettle)
    • Open source, com editor visual de jobs e transformações.
    • Leve para pequenas equipes que querem flexibilidade sem custo de licenciamento.
  • SSIS (Microsoft SQL Server Integration Services) e IBM DataStage
    • Integrados aos seus respectivos ecossistemas (SQL Server e IBM).
    • Ótimos para quem já está “preso” a essas plataformas e busca uma solução nativa.

2. Ferramentas de ETL na Nuvem

Se você já trabalha com AWS, Azure ou Google Cloud, usar a ferramenta da própria nuvem simplifica permissões, escalabilidade e integrações.

  • AWS Glue
    • Serverless: você só paga pelo processamento que usar.
    • Baseado em Apache Spark, lida bem com grandes volumes.
    • Conecta-se “de cara” ao S3, Redshift, RDS e outros serviços da AWS.
  • Azure Data Factory
    • Orquestração visual de pipelines, sem servidor também.
    • Suporta diversas fontes dentro e fora da Azure.
    • Integra-se ao Power BI para relatórios imediatos.
  • Google Dataflow
    • Gerenciado e baseado em Apache Beam.
    • Ideal para processamento em lote e em streaming.
    • Funciona de forma nativa com BigQuery.
  • Fivetran
    • Extremamente automatizado: ajusta-se sozinho a mudanças de esquema nas fontes.
    • Foco em replicação de dados; coloca tudo no destino sem você precisar escrever uma linha de código.
  • Matillion
    • Interface simples, com dezenas de conectores prontos.
    • Projetado para quem já usa Snowflake, Redshift ou BigQuery e quer fazer transformações na nuvem.

3. Ferramentas de ETL open source

Para quem já ama código, essas opções permitem criar pipelines como se fosse um projeto de software, com versionamento, testes e deploy.

  • Apache Airflow
    • Orquestra operações via DAGs em Python você define o que acontece e quando.
    • Excelente para orquestração complexa, mas exige investimento em infraestrutura para rodar o scheduler.
  • dbt (data build tool)
    • Foca na “T” de Transformação.
    • Modelos em SQL versionados em Git, com testes automatizados.
    • Ótimo complemento a um pipeline de ingestão que você já tenha.
  • Apache NiFi
    • Interface baseada em fluxo; arraste e configure processadores para ingestão e roteamento em tempo real.
    • Segurança e controle de dados ponto a ponto.
  • Airbyte
    • Conectores prontos para dezenas de fontes, também em open source.
    • Facilita a replicação inicial de dados, depois você cuida da parte de transformação à parte.
  • Meltano
    • Combina extratores (tais como em Airbyte), dbt e painéis de visualização (Superset, Metabase).
    • A ideia é montar um pipeline completo usando ferramentas open source integradas.

Como escolher?

  1. Escopo do projeto: piloto pequeno ou ambiente corporativo gigante?
  2. Ambiente: on‑premise ou nuvem? Se for AWS, o Glue já “casa” melhor.
  3. Equipe: prefere GUI ou vive de linha de comando e versionamento em Git?
  4. Volume e frequência: cargas diárias simples ou streaming em tempo real?

ETL vs. ELT: qual a diferença?

Quando uma empresa junta dados de centenas de fontes, sistemas de vendas, sensores de fábrica, aplicações em nuvem, planilhas antigas e muito mais, é preciso um método claro para transformar esse caos em inteligência. Surgem então duas estratégias: ETL e ELT. Ambas passam por três etapas (Extração, Transformação, Carga), mas a ordem e o “onde” das transformações fazem toda a diferença.

ETL (Extração → Transformação → Carga)

  1. Extração
    Primeiro, “puxamos” os dados brutos de cada fonte: bancos relacionais, APIs, arquivos CSV, sistemas legados etc.
  2. Transformação
    Antes de levar ao destino final, limpamos, padronizamos e enriquecemos tudo em um servidor dedicado.
    • Remoção de duplicatas e inconsistências;
    • Conversão de formatos (datas, unidades);
    • Criação de colunas calculadas e aplicação de regras de negócio.
  3. Carga
    Com tudo pronto, os dados seguem para o Data Warehouse ou Data Lake, já no formato exato que as ferramentas de BI e os modelos de machine learning esperam.

Quando usar ETL?

  • Ambientes legados que precisam de pré-processamento intenso;
  • Projetos onde as estruturas e relatórios já estão bem definidos;
  • Casos em que o poder de processamento externo previne sobrecarga no data warehouse.

ELT (Extração → Carga → Transformação)

  1. Extração
    Igual ao ETL: coletamos dados de onde quer que estejam.
  2. Carga
    Sem “faxina” prévia, enviamos tudo direto para o repositório analítico (data lake ou warehouse).
  3. Transformação
    Agora, dentro do próprio destino, aplicamos as limpezas e ajustes conforme a necessidade do analista ou do modelo.
    • Aproveita a escalabilidade e o paralelismo dos data warehouses modernos.
    • Transforma apenas quando e como for preciso, quantas vezes for preciso.

Quando usar ELT?

  • Cenários em nuvem, onde armazenar dados brutos “de graça” e escalar processamento é fácil;
  • Projetos que lidam com dados semi ou não estruturados (logs, imagens, documentos);
  • Análises exploratórias, em que você ainda não sabe exatamente o que vai precisar transformar.

Principais diferenças na prática

AspectoETLELT
Onde se transforma?Em servidor de processamento intermediárioDiretamente no data warehouse / data lake
Tipo de dado mais comumEstruturado (tabelas)Qualquer formato (estruturado ou não)
Velocidade inicialMais lenta (transformação antes da carga)Mais rápida (carga imediata)
Custo de infraestruturaExige ambiente extra para transformaçõesAproveita recursos existentes na nuvem
FlexibilidadeBoa para processos definidos e estáveisIdeal para experimentação e escalabilidade

E se precisar dos dois?

Em grandes empresas, não é raro combinar ETL e ELT. Por exemplo, usar ETL para dados críticos de sistemas legados e ELT para novos fluxos de IoT ou log de aplicativos. Assim, cada fonte segue o caminho mais eficiente até o analista.

No fim, tanto ETL quanto ELT têm o mesmo objetivo: entregar dados limpos e confiáveis para gerar insights. A escolha depende da origem dos dados, do volume, da velocidade que você precisa e da arquitetura disponível. 

Exemplo prático: pipeline ETL simples com Python

Agora que já entendemos o que é ETL e por que ele é tão importante no mundo dos dados, vamos ver isso funcionando na prática. Abaixo, você confere um exemplo de pipeline ETL bem direto, desenvolvido em Python, que passa pelas três etapas do processo de extração, transformação e carga.

A ideia aqui é buscar dados de uma API pública, aplicar uma transformação simples e, por fim, salvar essas informações em um arquivo CSV. É um ótimo ponto de partida para quem quer começar a criar seus próprios fluxos de dados.

1. Extração: coletando os dados de uma API

Nesta primeira etapa, usamos a biblioteca requests para acessar a API que fornece dados fictícios no formato JSON. Esse tipo de dado é comum em integrações com APIs, e aqui vamos pegar uma lista de 100 posts simulados:

import requests

def extract():
    url = "https://jsonplaceholder.typicode.com/posts"
    response = requests.get(url)
    response.raise_for_status()  # Garante que a requisição foi bem-sucedida
    data = response.json()
    return data

2. Transformação: limpando e enriquecendo os dados

Com os dados em mãos, usamos o pandas para organizar tudo em um DataFrame, uma estrutura que lembra uma tabela. Em seguida, criamos uma nova coluna chamada title_length, que indica quantos caracteres tem o título de cada post. Também fazemos uma checagem para evitar problemas com valores nulos (apesar de, neste exemplo, não haver):

import pandas as pd

def transform(data):
    df = pd.DataFrame(data)
    df['title_length'] = df['title'].apply(len)  # Cria a nova coluna com tamanho do título
    df.fillna('', inplace=True)  # Preenche possíveis valores nulos com string vazia
    return df

3. Carga: salvando o resultado em um arquivo

Por fim, os dados transformados são salvos em um arquivo .csv, que pode ser usado posteriormente em uma ferramenta de BI, em um sistema analítico ou simplesmente para exploração local:

def load(df):
    df.to_csv('posts_transformed.csv', index=False)
    print("Dados carregados no arquivo posts_transformed.csv")

Esse exemplo é simples, mas totalmente funcional. E o mais interessante: ele pode ser expandido facilmente. Basta adicionar mais fontes de dados, aplicar transformações mais sofisticadas (como filtros, agrupamentos e validações) e até carregar os dados diretamente em bancos de dados como PostgreSQL, MongoDB ou serviços de Data Warehouse como o BigQuery ou Redshift, utilizando bibliotecas como SQLAlchemy, pymongo ou pybigquery.

Como aprender a criar pipelines ETL e se tornar engenheiro de dados com Python

Seja no varejo, na indústria ou nos serviços, uma coisa é certa: quem quer tomar decisões com segurança precisa de dados confiáveis. E o processo ETL é a ponte entre o caos das informações brutas e a clareza dos insights estratégicos.

Ao entender como funciona cada etapa da coleta à transformação e carga, você não só ganha domínio técnico, como também começa a enxergar as possibilidades reais que os dados oferecem para o crescimento de um negócio.

Quer dar os primeiros passos na prática e construir seus próprios pipelines com Python? Acesse a trilha completa de Engenharia de Dados da Asimov Academy e aprenda, do zero ao avançado, como transformar dados em decisões com eficiência, automação e inteligência.

Trilha Engenharia de Dados da Asimov Academy

Trilha Engenharia de Dados

Domine os fundamentos da Engenharia de Dados e construa seu primeiro pipeline com Python, ETL, Airflow e deploy na nuvem.

Comece agora
Imagem de um notebook

Cursos de programação gratuitos com certificado

Aprenda a programar e desenvolva soluções para o seu trabalho com Python para alcançar novas oportunidades profissionais. Aqui na Asimov você encontra:

  • Conteúdos gratuitos
  • Projetos práticos
  • Certificados
  • +20 mil alunos e comunidade exclusiva
  • Materiais didáticos e download de código
Inicie agora

Comentários

30xp
Comentar
Faça parte da discussão Crie sua conta gratuita e compartilhe
sua opinião nos comentários
Entre para a Asimov