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Árvores de decisão em Python: estrutura e aplicações

Avatar de Rebeca Honório Rebeca Honório
16 minutos de leitura 10/12/2024 • Atualizado há 1 mês atrás 5xp

Se você já precisou tomar decisões difíceis ou complexas, sabe como é desafiador pesar todas as opções e prever as consequências de cada escolha. Agora, imagine ter uma ferramenta que torna esse processo mais claro e organizado. É isso que as árvores de decisão fazem, pois elas são como mapas que orientam você através de caminhos diferentes, com base em perguntas e condições específicas, até chegar a um resultado final.

Neste artigo, vamos explorar como esse conceito, amplamente usado em áreas como machine learning, pode também aplicar em diversas situações. Vamos entender como construir uma árvore de decisão, as vantagens e limitações dessa ferramenta, e como utilizá-la no Python para resolver problemas do dia a dia.

O que é uma árvore de decisão?

Uma árvore de decisão é uma ferramenta visual e analítica que organiza decisões de forma hierárquica, ajudando a prever categorias ou valores numéricos com base em condições específicas.

No machine learning, a árvore de decisão tem um algoritmo utilizado para classificação (quando o objetivo pode categorizar dados, como “sim” ou “não”) e regressão (para prever valores numéricos, como lucro ou temperatura). A estrutura da árvore começa com um nó-raiz, que é o ponto de partida, e se ramifica em nós de decisão, representando condições como: “se X for maior que 15, siga para a direita”. Essas ramificações levam a nós-folha, que contém os resultados finais. A lógica de uma árvore de decisão pode se basear em regras de “se-então”, e o algoritmo define os nós com base em cálculos que buscam organizar os dados de forma mais clara e precisa.

Estrutura de árvore de decisão

De uma forma mais simples, uma árvore de decisão começa com uma pergunta ou decisão inicial, que se divide em várias ramificações, cada uma representando uma possível resposta ou resultado. Cada ramificação pode, por sua vez, levar a novas perguntas ou resultados, formando uma estrutura semelhante a uma árvore. Essa visualização é muito importante em contextos onde as decisões são complexas e envolvem múltiplas variáveis. Assim como um fluxograma, as árvores de decisão utilizam símbolos para representar diferentes tipos de nós. 

Nós em árvore de decisão

Quadrados geralmente representam os nós de decisão, enquanto círculos indicam os nós de probabilidade. Triângulos marcam os resultados finais ou desfechos. Essa estrutura visual facilita a compreensão do fluxo de decisões e suas consequências.

Como funcionam as árvores de decisão?

As árvores de decisão funcionam como um fluxograma hierárquico que divide problemas complexos em decisões menores e mais manejáveis, guiando o caminho até um resultado final.

Cada nó da árvore representa uma pergunta ou condição para passar por uma avaliação, enquanto as ramificações apontam para possíveis respostas. Por exemplo, em um nó de decisão, o algoritmo pode perguntar: “A característica X é maior que 10?” Se sim, ele segue para um lado da árvore; se não, para outro. Esses nós podem ser organizados em três tipos principais: nós de decisão (escolhas a serem feitas), nós de probabilidade (estimativas de chance de eventos) e nós de desfecho (os resultados finais). Todo o processo pode se sustentar por cálculos como entropia e ganho de informação, que ajudam a organizar os dados de forma eficiente.

Se você quer implementar uma árvore de decisão, as linguagens Python e R tornam isso mais fácil. No Python, por exemplo, a biblioteca Sklearn oferece métodos prontos, como o DecisionTreeClassifier, que você pode usar para treinar e testar o modelo em poucos passos. No R, bibliotecas como RPart também permitem criar árvores de forma rápida e visual. Com essas ferramentas, fica simples visualizar o funcionamento da árvore e até compartilhar as análises com outras pessoas.

Árvore de decisão tree
Fonte: Data Science Foundation

Tipos de nós: decisão, probabilidade, desfecho…

Os diferentes tipos de nós em uma árvore de decisão desempenham papéis diferentes, mas de extrema importância para construção e interpretação desse modelo. Vamos detalhar cada um deles com base no conteúdo:

Nó de decisão:

Um quadrado representa esse tipo de nó, indicando um ponto onde você faz uma escolha. Ele inicia a definição do caminho a seguir, geralmente com base em uma regra ou condição.

Nó de probabilidade:

Representado por um círculo, este nó demonstra incertezas nos resultados. Ele indica que, ao seguir determinada decisão, há diferentes probabilidades associadas aos próximos passos.

Nó de desfecho:

Representado por um triângulo, esse nó marca o resultado final de um caminho na árvore de decisão. Ele reflete o desfecho de todas as escolhas feitas ao longo do processo.

Ramificações alternativas:

Linhas que se separam representam cada ramificação, mostrando as diferentes possibilidades ou ações que você pode seguir a partir de uma decisão.

Alternativa rejeitada:

Representada por uma linha com cortes cruzados, essa ramificação indica uma opção que não foi escolhida.

Símbolos de árvore de decisão
Fonte: Tera Blog | Árvore de decisão: entenda esse algoritmo de Machine Learning

Esses elementos criam juntos a hierarquia lógica da árvore de decisão, organizando informações complexas de forma visual e clara. Cada tipo de nó mapeia as possíveis consequências de cada decisão, desde as condições iniciais até os resultados finais.

Para que servem as árvores de decisão?

As árvores de decisão têm uma ampla aplicação, tanto no mundo dos negócios quanto em ciência de dados e análise de dados. Elas analisam cenários, preveem resultados e facilitam a tomada de decisões.

No universo corporativo, as empresas utilizam árvores de decisão para planejar estratégias, avaliar riscos e benefícios e escolher ações com maior potencial de sucesso. Elas ajudam a visualizar os desdobramentos de diferentes escolhas, tornando-se ideais para decisões estratégicas ou operacionais.

Já na ciência de dados, as árvores de decisão se destacam como modelos preditivos tanto para classificação (categorizar dados como “sim” ou “não”) quanto para regressão (prever valores numéricos, como preços ou lucros). Sua capacidade de lidar com múltiplas categorias de classificação e de trabalhar com dados brutos, incluindo valores ausentes, é uma vantagem significativa em relação a outros métodos, como o Naive-Bayes.

Além disso, a extensão das árvores de decisão para random forests traz ainda mais precisão. Ao combinar diversas árvores em um único modelo, o método calcula a categoria ou valor mais recorrente, oferecendo maior confiabilidade para análises complexas.

Outro ponto forte das árvores de decisão é a simplicidade de visualização. Com gráficos claros, você pode entender facilmente como as decisões são processadas, o que as torna ideais, por exemplo, para apresentar resultados a equipes não técnicas e, além disso, para ensinar novos cientistas de dados.

Seja para prever tendências, analisar dados ou facilitar a comunicação de insights, as árvores de decisão são indispensáveis. Elas combinam eficiência, flexibilidade e facilidade de uso, tornando-se uma ferramenta essencial tanto para iniciantes quanto para especialistas.

Vantagens e desvantagens das árvores de decisão

As árvores de decisão são ferramentas amplamente utilizadas devido à sua simplicidade e eficácia em diversos contextos. No entanto, como qualquer método, elas apresentam tanto pontos fortes quanto limitações.

Vantagens das árvores de decisão

  1. Facilidade de compreensão
    As árvores de decisão têm uma estrutura visual clara que facilita sua interpretação, mesmo para pessoas sem experiência técnica. Elas mostram as opções e os caminhos possíveis de forma intuitiva, permitindo um entendimento rápido das escolhas e consequências.
  2. Versatilidade em diversos problemas
    As árvores ajudam a resolver problemas de diferentes naturezas, sejam simples decisões ou análises complexas. Desde problemas de negócios até aplicações em ciência de dados, elas se adaptam bem a diferentes contextos.
  3. Mínima preparação de dados
    Diferentemente de outros algoritmos, as árvores exigem pouca preparação. Elas funcionam bem com dados categóricos, valores faltantes e informações brutas, tornando-as práticas para situações com dados variados.
  4. Integração com outras ferramentas
    As árvore de decisão podem combinar com outras ferramentas de decisão, como diagramas de influência, para criar soluções mais completas e compactas.
  5. Auxílio em escolhas estratégicas
    Seu formato permite avaliar diferentes alternativas e selecionar aquela que oferece maior benefício ou menor risco.

Desvantagens das árvores de decisão

  1. Crescimento exponencial e complexidade
    À medida que mais variáveis e opções se adicionam, as árvores crescem rapidamente, tornando-se difíceis de interpretar e seguir. Isso cria um ‘excesso de ramificações’ que compromete sua clareza.
  2. Overfitting
    As árvores de decisão têm tendência a se ajustar excessivamente aos dados de treinamento, o que pode prejudicar sua capacidade de generalização para novos dados. Isso é especialmente problemático em conjuntos de dados pequenos ou muito específicos.
  3. Ineficientes para grandes conjuntos de dados
    Quando aplicadas a grandes volumes de dados, podem se tornar lentas e consumir muitos recursos, dificultando sua utilização prática.
  4. Alternativas mais compactas
    Em situações onde as árvores ficam muito complexas, diagramas de influência podem ser uma alternativa mais enxuta. Esses diagramas se concentram apenas em decisões críticas, entradas e objetivos principais, reduzindo a complexidade visual e analítica.

Como fazer uma árvore de decisão: passo a passo

Criar uma árvore de decisão é uma maneira eficiente de visualizar diversas opções, avaliar riscos e tomar decisões bem-informadas. O primeiro passo para desenhar uma árvore de decisão é escolher a plataforma em que você irá trabalhar. 

  1. Você pode optar por desenhá-la à mão, usando papel ou quadro branco, o que pode ser uma boa opção para discussões em grupo ou brainstorms rápidos. Caso prefira uma versão digital, há softwares específicos para criar árvores de decisão, como o Microsoft Visio, que oferecem mais recursos para personalizar e organizar suas ideias de forma eficiente.
  2. O próximo passo é começar com a decisão principal, que será o ponto inicial da árvore. Desenhe uma pequena caixa para representá-la, e, a partir dessa caixa, trace linhas que saem para as possíveis soluções ou ações que você está considerando. Cada linha representa uma escolha, e cada uma dessas opções deve ser claramente rotulada para refletir os diferentes caminhos que podem ser seguidos. Isso ajuda a mapear de forma visual os possíveis desdobramentos de cada decisão.
  3. À medida que você avança na árvore, é importante adicionar nós de decisão e de probabilidade para expandir e detalhar ainda mais suas opções. Quando você se deparar com outro ponto de decisão, ou seja, quando houver uma nova escolha a ser feita, desenhe uma nova caixa. 

Isso indica que há mais de uma possibilidade a ser considerada nesse ponto específico. Se, por outro lado, você se deparar com uma situação onde o resultado não é certo, ou seja, existe alguma incerteza, desenhe um círculo para representar esse nó de probabilidade. Nos círculos, as linhas que saem podem ter diferentes probabilidades associadas, representando os possíveis resultados de um evento incerto. Em alguns casos, o problema pode ser resolvido em uma linha de decisão, e nesse caso você pode simplesmente deixar o espaço em branco, marcando que o desfecho é claro e não exige mais análise.

  1. A partir de cada nó de decisão, desenhe as soluções possíveis que podem se seguir. De cada nó de probabilidade, trace linhas que representam os possíveis resultados. Caso você queira analisar suas opções de maneira mais detalhada, é possível atribuir valores numéricos, como a probabilidade de cada resultado ocorrer, o custo de cada ação ou o benefício esperado de cada escolha. Esse detalhe pode tornar a análise mais robusta, especialmente quando a decisão envolve riscos financeiros ou outros fatores quantificáveis.

A árvore de decisão vai se expandindo à medida que você avança no processo, até que não haja mais escolhas a serem feitas ou resultados a considerar. Cada linha deve chegar a um desfecho, que indica que não há mais opções ou incertezas a serem exploradas. Quando você atingir esses pontos finais, atribua um valor a cada resultado possível. Esse valor pode ser uma pontuação abstrata que representa o impacto da decisão ou um valor financeiro, caso você esteja lidando com um contexto mais tangível, como investimentos ou custos. Para indicar esses desfechos, use triângulos na ponta de cada linha final, simbolizando o término da árvore e a conclusão do raciocínio.

Árvore decisão passo a passo como fazer
Fonte: Tera Blog | Árvore de decisão: entenda esse algoritmo de Machine Learning

Com a árvore de decisão pronta, você agora tem uma representação clara das suas opções e pode analisar com mais precisão qual caminho tomar.

Como implementar uma árvore de decisão em Python?

Uma árvore de decisão é um modelo de machine learning que utiliza um gráfico de decisões para prever resultados com base em dados de entrada. Para criar uma árvore de decisão em Python, você pode usar a biblioteca Scikit-Learn, que oferece ferramentas eficientes para implementar esse tipo de modelo. O processo envolve importar a classe DecisionTreeClassifier, para criar uma instância do classificador, treinar o modelo com dados de treinamento e, em seguida, fazer previsões com dados de teste. 

Exemplos práticos de árvores de decisão

Agora que você já conhece como as árvores de decisão funcionam e como usá-las em Python, vamos explorar algumas aplicações práticas em que esse modelo pode ser bastante útil.

1. Diagnóstico de doenças

Uma das aplicações mais comuns das árvores de decisão é no diagnóstico médico. O modelo pode ser treinado com informações de pacientes, como sintomas, idade, histórico médico, entre outros. A árvore de decisão irá aprender quais características estão mais relacionadas com doenças específicas. O modelo pode, por exemplo, classificar um paciente como tendo ou não uma condição médica, com base em suas entradas.

Exemplo: para o diagnóstico de diabetes, os dados de entrada podem incluir fatores como idade, IMC, histórico familiar e níveis de glicose no sangue. A árvore de decisão então ajudará a prever se um paciente é propenso a desenvolver diabetes.

Vantagens:

  • Não requer dados extremamente complexos ou difíceis de preparar;
  • É fácil de entender e interpretar, o que é crucial no contexto médico.

Exemplo de código (simulação):

from sklearn.datasets import load_diabetes
from sklearn.model_selection import train_test_split
from sklearn.tree import DecisionTreeClassifier

# Carregar dados de diabetes
data = load_diabetes()
X = data.data
y = data.target

# Dividir os dados em treino e teste
X_train, X_test, y_train, y_test = train_test_split(X, y, test_size=0.2, random_state=42)

# Criar e treinar o modelo
clf = DecisionTreeClassifier()
clf.fit(X_train, y_train)

# Fazer previsões
y_pred = clf.predict(X_test)

# Avaliar o modelo
from sklearn.metrics import accuracy_score
print(f'Acurácia do modelo: {accuracy_score(y_test, y_pred)}')

2. Previsão de empréstimo

Em um cenário bancário, as árvores de decisão são comumente usadas para prever se um empréstimo deve ser concedido a um cliente, com base em fatores como renda, histórico de crédito, idade, entre outros. Este é um problema de regressão, pois a saída será um valor numérico (o valor do empréstimo).

Exemplo: dados sobre o cliente são analisados para prever se o banco deve conceder o valor solicitado ou um valor ajustado com base no perfil do solicitante.

Vantagens:

  • A árvore de decisão consegue lidar bem com variáveis categóricas (como histórico de crédito);
  • Fácil de implementar e interpretar os resultados.

3. Análise de sentimentos

As árvores de decisão também são úteis na área de Processamento de Linguagem Natural (PLN), especialmente para análise de sentimentos. O modelo pode ser treinado com textos (por exemplo, resenhas de produtos, tweets) e aprender a classificar o sentimento expresso como positivo ou negativo.

Exemplo: se o modelo é treinado com frases de avaliações de filmes, ele pode prever se uma nova avaliação expressa uma opinião positiva ou negativa sobre o filme.

Vantagens:

  • Modelo interpretável, útil para entender por que uma avaliação foi classificada de determinada forma;
  • Funciona bem com texto estruturado ou frases curtas.

4. Previsão de saída de funcionários

No contexto de recursos humanos (RH), as árvores de decisão podem ser usadas para prever a saída de funcionários da empresa. Com dados históricos sobre os funcionários, como tempo de permanência na empresa, desempenho, salário, satisfação e outros fatores, o modelo pode identificar quando um funcionário está prestes a pedir demissão.

Exemplo: se um modelo foi treinado com dados sobre funcionários anteriores que saíram da empresa, ele pode prever quais funcionários têm maior probabilidade de sair.

Vantagens:

  • Ajudar na retenção de talentos, identificando funcionários insatisfeitos.

Conclusão

Neste guia, exploramos o que são árvores de decisão, como elas funcionam, suas aplicações e a forma de implementá-las em Python. Essa técnica poderosa, ideal para a construção de modelos preditivos, combina simplicidade e eficácia, sendo acessível até para iniciantes. Se deseja continuar sua jornada no universo do Python e da ciência de dados, é hora de ir além!

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